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Psicopatologia Fenomenológica e Sofrimento Humano: algumas questões para se pensar o fazer clínico

Atualizado: 8 de set. de 2022






Em primeiro lugar, importante entender que a Psicopatologia é uma disciplina científica que possui como objeto de estudo a doença mental em seus variados aspectos: etiologia, alterações estruturais e funcionais relacionadas, os métodos de investigação e suas formas

de manifestação (sinais e sintomas) (CHENIAUX, 2005).

Além disso, a Psicopatologia é uma ciência que se relaciona com outros ramos: a psicologia, filosofia, a sociologia, a medicina etc.; portanto, existem várias abordagens e teorias que a envolvem. Dentre estas diversas abordagens, destacamos aqui, a Fenomenologia.


Em segundo lugar, precisamos ter em vista que definir o que é Fenomenologia não é uma tarefa simples. Enquanto Filosofia, a Fenomenologia é um movimento que se concentra, no final do século XIX, e se estende, para primeira metade do século XX. Tendo como fundador, o matemático e filósofo alemão, Edmund Husserl, o seu marco inaugural decorre da obra Investigações Lógicas, publicada entre 1900-1901.


A partir de Husserl, podemos seguir para um movimento fenomenológico, tal qual é indicado por Herbert Spiegelberg, no texto The phenomenological movement (1965).



O próprio Herbert Spiegelberg pontua sobre a dificuldade em definir o que é a fenomenologia dada a multiplicidade de interpretações que cada autor faz a essa filosofia. Portanto, a Fenomenologia não é um corpo de doutrina fixo, ela vai se modificando ao longo da história, o que dificulta em caracterizá-la como uma doutrina unívoca.




A fenomenologia husserliana foi retomada por autores alemães, tais como Max Scheler (1847- 1928): essenciais materiais; Edith Stein (1891-1942): ideia de empatia; Martin Heidegger (1891-1976): ontologia; Eugen Fink (1905- 1975): discípulo direto do Husserl. Na Fenomenologia francesa Jean- Paul Sartre (1905- 1980); Maurice Merleau-Ponty (1908- 1961); Levinas; Paul Ricouer.


Porém, o que caracteriza a fenomenologia não é propriamente um conjunto de teses idênticas. O que se tem em comum do movimento fenomenológico é, sobretudo, um estilo de pensamento e de método.




Tal estilo pode ser sintetizado no lema fenomenológico: “voltar às coisas mesmas”.



Para além da Filosofia, os princípios da Fenomenologia, ou melhor, o estilo de pensamento e de método são engendrados e adaptados ao âmbito da clínica psiquiátrica por Jaspers, Minkowski e Binswanger, dentre outros autores.


De modo muito geral, a psicopatologia fenomenológica se propõe aproximar da vivência, da realidade existencial em todas as suas manifestações, o ser humano é visualizado, como ser-no-mundo. Quanto aos sintomas, eles não são identificados isoladamente, mas sempre em relação ao sujeito e a toda consciência em que esses sintomas emergem.


SE LIGA! Terá um post exclusivo para falar desse tema --> EM BREVE!!



SOBRE O SOFRIMENTO HUMANO



O sofrimento é inerente a existência.


Ele é, antes de tudo, uma condição humana (conditio humana).


Podemos levar em consideração se a ordem do sofrimento é uma reação pática ou expressão de um pathos (patológica).



Tanto os fenômenos páticos quanto os patológicos não podem ser reduzidos a fatores unicamente individuais, quer sejam de natureza orgânica ou psicológica (ou social, espiritual - devemos considerar a totalidade humana em todas as suas dimensões).



As reações páticas geram sofrimento, mas não têm nada de patológico em si, pois nao exige um esforço para controlá-la ou superá-la.


Vejamos alguns exemplos:




APLICAÇÃO NA CLÍNICA





A grande questão que precisamos levantar AQUI é o cuidado que devemos ter para não patologizar as situações páticas.


Assim, podemos estabelecer um ENCONTRO autêntico que propiciará a compreensão do paciente a partir do seu próprio existir, possibilitando com que ele mesmo enrede sentido as suas vivências e perceba que é o autor de seu projeto de vida, e, por conseguinte, contribuirá na expressão e discernimento de suas emoções negativas e na tomada de decisões para enfrentamento das situações mais adversas.



E os fenômenos patológicos?


Fica para um próximo post!


AHH...


Quer saber mais sobre o manejo na clínica? E da importância de diferenciar reações páticas das patológicas para delinear uma adequada casuística clínica?


Quer também conhecer algumas técnicas que contribuem para o manejo clínico?



Aproveite o MINICURSO:


Manejo clínico na Psicologia Fenomenológica Existencial - da escuta à técnica


Dias 09 e 16 de julho (Online)






Referências: CHENIAUX, Elie. Manual de Psicopatologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. SPIEGELBERG, Herbert. The Phenomenological Movement: A Historical Introduction. The Hague: Nijihoff, 1965.

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